7 de mai. de 2013

Um defeito na mente humana

De acordo com a Wikipedia (fonte mais confiável no exato momento), o universo tem algo em torno de 13,73 bilhões de anos. Você tem noção de quanto é isso? Eu não faço a menor ideia, mas eu sei que é tempo demais.
No começo tudo era uma sopa de partículas subatômicas, que se uniam e formavam átomos. Esses se fundiam, faziam ligações, se destruiam. No final, moléculas, complexos, minerais foram criados, em diversos estados da matéria, compondo tudo que existe hoje.
Nesse ambiente fértil, o planeta Terra acabou desenvolvendo seres vivos. Por diversas ocasiões (provavelmente coincidências), a vida foi facilitada e permitida nesse pequeno pedaço de tudo que existe no universo, nesse local diminuto. O oxigênio, cadeias carbônicas, a água, além de outros agentes, todos se uniram para possibilitar a existência da camada de ozônio, oceanos, montanhas, desertos, dentre tantas formações que existem na Terra.

Daí, existia um plano de fundo para a formação da vida. Vegetais, bactérias, protozoários, fungos, animais, algas: todos juntos vivendo, aproveitando os recursos, reproduzindo-se, propagando-se em gerações com recombinação do material genético, aprendizado, comportamentos, desenvolvimento de famílias e sociedades.

Então, a natureza produziu um de seus ápices da evolução, um ser dotado de capacidades cognitivas superiores, capaz de calcular, de projetar, de imaginar, de aprender, de criar culturas, de se comunicar, de manipular a natureza para facilitar sua própria vida. Eis aí o homem, tão frágil e tão forte, uma máquina magnífica, com capacidade de entender a si, as outras formas de vida, o universo todo.

Tudo que a vida faz, todo seu objetivo se resume a reprodução e proteção. É simples: todas as formas de vida tem esse modus operandi, em que a segurança é algo fundamental, seja por fuga ou por luta. Visão, olfato, gustação, tato e audição são feitos para permitir a interpretação física e química do meio, para avaliar as possibilidades de dano e bem estar. Além disso, a reprodução é necessária para que a vida continue a existir. Os animais se alimentam, se protegem, migram, se comunicam para que a vida seja reproduzida e propagada.
Essas duas funções são simples e trazem tudo (ou quase tudo) que é necessário: uma receita da vida.

Então, chega o ser humano e consegue refinar tudo que existe: refina sua alimentação, seu sono, seu lazer, cria a fala, a escrita, consegue erguer monumentos aos deuses e aos povos. O ser humano destrói a natureza e constrói sua cultura. A mente humana tem uma capacidade inventiva enorme, mas não infinita. Quer uma prova disso? Tente imaginar uma cor que não existe, ou um som nunca ouvido antes. Impossível, certo?
Mas isso não diminui o homem: pelo contrário, faz ele se impulsionar a melhorar o que existe, a modificar, a solidificar sua estadia na Terra e possibilitar a propagação e reprodução de sua espécie, a níveis jamais vistos anteriormente.

No entanto, o homem tem diversos defeitos morais, sociais e emocionais. São problemas na interação com o meio, com sua espécie e consigo mesmo. Mas, na minha opinião, o defeito maior é o amor (no contexto aqui apresentado, o amor romântico).
Sim, você leu certo: o amor romântico é um defeito na mente humana. Pare pra pensar na quantidade de crimes cometidos na história, por assuntos relacionados a amor e ódio. Guerras, assassinatos, genocídios, roubos, mentiras, traições, todas impulsionadas por amor ou ódio a algo, alguém ou algum ideal.

A mente humana é poluída por amor romântico. Ele suja a mente como petróleo num oceano outrora azul. Siga a minha linha de raciocínio: o sentimento causado pelo amor é infinitas vezes menor do que o sentimento causado por sua falta. A felicidade do amor é mil vezes menor que a tristeza por uma rejeição, por exemplo. É muito mais fácil lembrar da tristeza do que da felicidade provocada pela sua ex namorada. Claro, isso tem razões neurológicas, o que reforça mais ainda o fato de que aprendemos pela dor, não pelo amor. Mas muita dor vem do amor.

Eu me pergunto: por que motivo o cérebro humano, uma máquina extremamente aguçada e pronta para o sucesso, iria procurar tanto o amor romântico? Por que o cérebro procuraria algo que vai ferir, entristecer, causar sofrimento? Pelo mesmo motivo que um alcoólatra bebe todos os dias: vício, dependência.
O cérebro é viciado em amor romântico. Todos nós somos vítimas disso, da mentira de que aquela menina vai te fazer feliz, de que ela vai trazer aquele sorriso que você não dá há muito tempo. O amor romântico é a  droga mais difícil de se perder o vício.

Na minha opinião, é tudo uma questão fisiológica: a pessoa entra em contato com o amor romântico, faz seu uso e vicia. A partir daí, o amor cava um buraco fundo na mente, um buraco que nunca conseguirá ser preenchido com trabalho, com amigos, com jogos, com dinheiro, com outros vícios. O amor é o sentimento mais mesquinho de todos. Enquanto se faz uso do amor, se recebe amor, tudo é uma maravilha. No entanto, a partir do momento em que ele falta, a vida se torna uma merda, tudo é ruim, todas as pessoas são mais felizes que você, nada mais faz sentido como antes.

Não há desintoxicação para o uso de amor romântico e o vício é instantâneo. Os efeitos da abstinência são extremamente danosos ao corpo e à mente. Já foram relatados casos de perda de peso, choro descontrolado, depressão e suicidio. As duas únicas maneiras de driblar, reduzir (nunca vencer) a abstinência são conseguir manter o vício e conseguir ajuda dos amigos e compadres. A única maneira de eliminar tal vício é a morte.

A partir de tudo que foi apresentado acima, concluo que o amor romântico é uma doença mental, é a perversão do funcionamento saudável do cérebro humano. Sendo assim, essa prática deve ser extinta. Deve haver conscientização de todas as pessoas, para o risco do uso dessa emoção. Não existe dose segura, nem cura.

Se me dessem, agora, a chance de ter um desejo realizado, eu pediria a abolição do amor romântico no mundo. Tenho certeza que muita gente me agradeceria. Eu, que vivo enfrentando essa abstinência, seria um homem realmente feliz.

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