Pra uma certa pessoa de PoA, RS.

Senhorita brad pitt versão woman,  esse texto é pra você. 

O que são cinco minutos? E duas horas?

Eu sempre pensei que o tempo era a coisa mais importante que eu tinha na vida, no final das contas. 

Tá certo, eu sempre me achei um cara profundo e nunca gostei exatamente disso (como eu discutia com outra pessoa esses dias: ser profundo dá trabalho demais). 

Eu consigo lembrar de quando eu era pequeno e ficava pensando sobre as coisas da vida, sobre tudo que eu não sabia, sobre o que eu queria saber e o que eu entendia que nunca saberia. Eu pensava no tempo com muita frequência, eu queria estudar ele, dissecar o tempo, entender como ele funciona, porque ele é tão fluido. Eu queria conseguir voltar no tempo, viajar na história, visitar lugares, congelar o tempo, acelerar ele, rever momentos, esquecer outros. 

Eu tinha 10 anos, eu queria ver dinossauros e cavaleiros destruindo castelos.

Eu cresci. A areia da ampulheta da minha vida tá escorrendo, acabando, sem volta. O tempo tá correndo, sem tempo de esperar.

Eu vivo minha vida. Durmo cada dia menos, estudo pra caralho, malho pesado, ouço música pra caramba, leio pilhas de livros e escrevo um pouco aqui. Claro, tem sempre que sair pra uma festa, pra relaxar. Tem que falar com os pais, tem que dar risada com os amigos, tem que jogar com os irmãos. Tem que consertar o que saiu errado, tem que comer, tem que tomar banho, tem que planejar o futuro. Tem que viver um pouco.

O tempo não é brincadeira.

Mesmo com tanto afazer, eu encontro tempo pra tudo. Até mesmo pra jogar tempo fora, só pra você ficar sabendo.

Aquele dia que te conheci, eu tava estudando semiologia. É uma matéria que eu gosto pra caramba. Acho que você não sabe, então vou explicar: semiologia vem do grego "semeîon", sinal e "logos", estudo, quer dizer, é o "estudo dos sinais e sintomas que um paciente pode apresentar em diferentes situações".

Nas minhas palavras, semiologia é a arte de ouvir, ver, sentir e deduzir um monte de reclamações, coisas ocultas e a partir disso descobrir o que o paciente tem, ajudando-o a livrar-se disso.

Bem, semiologia é uma matéria difícil. É muito complicada, cheia de detalhes. Mas naquele dia eu conheci você, num golpe de aleatoriedade, muito comum na minha vida. A conversa foi boa, eu admito que fazia muito tempo que eu não me divertia daquele jeito conversando com alguém. Eu achei que tivesse perdido a glândula do riso, mas você mostrou que eu ainda a tinha, funcionando em perfeito estado.

Eu queria conversar mais com você, mas eu tinha prova (que foi ontem, se quer saber) e precisava sair pra estudar algumas coisinhas.

Por isso eu quero conversar mais com você, aquele dia foi pouco. Eu sei que não sou o melhor de todos nesse quesito de bater papo, mas eu me esforço pra te fazer rir também, pra te conhecer melhor. Sabe por que? Você leu tudo que eu escrevi aqui, agora você me conhece bastante e me deve uma chance.

Eu quero a chance de te conhecer, senhorita "brad pitt versão woman". Pode ficar tranquila, eu não me esqueci de quem você é, mas acho que você se esqueceu de me responder um e-mail (já que esqueci de perguntar o número do seu celular). Estou aguardando a sua resposta.

Sim, são 4h48 da manhã e eu estou escrevendo um texto pra você. Considere-se sortuda, pouca gente merece texto aqui. Como você já deve ter lido, só gente da mais alta cúpula de importância nesse globo terrestre merece ser mencionado aqui.

Sendo assim, faça-me o favor de responder o e-mail que mandei, senão nunca mais vou falar com você. E o que seria da Angelina sem o Brad Pitt? (continuaria gostosa pra caralho, mas sozinha).

OBS: acho que me saí bem na prova. Aquelas duas horas, que você roubou de mim sem eu perceber, não me atrapalharam a estudar. Agora é aguardar as outras duas provas que tem na semana, detonar elas e abraçar as férias.