20 de mar. de 2013

Recarreguei o barril

Tiro a queima roupa, de perto, bem pertinho. O rastro da bala deixado no ar, de branco, com cheiro de pólvora, com gosto e dor.

Por sorte de raspão, arranhando a pele, deixando pra trás o sangue e a roupa rasgada. Somente um solo de guitarra poderia compreender o momento.

O aço voa, quente, invade as profundezas mais intimas do ar. Gira, mil rodopios por segundo.
O tempo se compacta, antes do grito, antes que o cérebro interprete a situação. Depois, o tempo se fragmenta em bilhões de micropartes, destiladas durante anos, na busca por motivos, por razões. Nunca houve -nem haverá- algum.

A força do impacto ainda não foi medida, não foi analisada. O aço será remoído mil vezes na memória, mil vezes reclamando da dor, do calor, do perigo que um tiro a queima roupa tem.

E esse foi só o primeiro dos projéteis.
O barril já começou a girar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário