6 de mai. de 2012

O que vem a seguir?

Agora que eu entrei na faculdade, eu to pensando: Sílvio, você devia ter se tornado um cara boêmio, um cara mais misterioso, mais charmoso, diferente. Aí eu olho pra porcaria do espelho e penso "Sílvio, você precisa é cortar o cabelo, puta merda".

Às vezes eu não entendo as coisas. A faculdade não me libertou (coisa que eu, sinceramente, sabia que não aconteceria, embora mentisse pra mim todos os dias, pra me dar forças). Morar sozinho não me libertou. Bem diferente: só quem fica horas por dia calado, enfrentando nada mais que si mesmo, sabe o que significa a palavra "solidão". Ficar sozinho é algo até gostoso, dá pra estudar sem ser interrompido. Dá pra cantar em voz alta sempre que der vontade. Mas sei lá, a presença humana faz falta, de qualquer maneira.

Tô pensando em fazer um Wilson pra mim.

Wilson, do Náufrago. Nunca assistiu esse filme? Baixe-o agora e assista.

Ao escrever esse texto, eu sinto uma mistura de dois sentimentos: felicidade e confusão. Ter alcançado um dos meus maiores objetivos me deixa muito feliz. Porém, eu estou confuso como funciona essa vida, ainda. Posso dizer sem medo: enquanto eu fazia vestibulares, eu era SÓ vestibulares. Eu não era Sílvio nas horas vagas, eu era vestibulando. Pra dormir, pra comer, pra pensar, pra sentir, tudo. Essa vida infernal passou, parabéns. Não há vazio nos meus objetivos: eu sou uma caixa de surpresas, sempre com uma ideia nova. Mas tem uma hora que as ideias precisam mudar também.
Como vestibulando, eu sabia quais eram as minhas ideias possíveis. Mas como estudante de medicina... o caldo entorna.
Eu sempre fui um cara que planeja as coisas antes de fazer. Inclusive, isso me atrapalha em alguns quesitos. Pois bem, preciso planejar exatamente quais são as possíveis ideias agora, para controlá-las. É bobeira, eu sei, querer controlar o acaso, mas é isso que dá segurança pra maioria das pessoas. E, sejamos francos, sem esse tipo de coisa, nós todos somos ratos cegos fugindo de um maldito gato faminto.

Eu gosto de comparar a vida a um jogo de dados. Eu acho incrível o modo como os dados geram os números, quer dizer, é tudo aleatório. E a vida acaba sendo assim, aleatoriedade. Às vezes, uma roleta russa de eventos. Noutras vezes, uma montanha russa de eventos. Mas também existem os invernos russos de eventos.

A questão é: eu cheguei no fim do texto e não consegui falar nada que preste. Entende isso? Não? Eu também não entendo.
Pode ser a hora que me deixou assim, ou as músicas que estou ouvindo agora. Mas tem algo acontecendo, algo grande o bastante pra mover meu mundo. Não é nada do que já aconteceu antes: dessa vez eu acho que é de verdade e bonito.


Só quem já sorriu ao ver o sol nascer gelado, enquanto o vento frio corta sua cara, pode entender o que eu sinto.

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