Do outro lado da sala, avisto uma menina. Ela não deve ter mais que 20 anos. Linda, conversando com as amigas. Ela me olha de lado. Eu, como se estivesse arrumando uma gravata imaginária, olho bem fundo nos olhos dela: lindos, de um azul perfeito. Usa um vestido branco, com um decote... Mãozinhas lindas. Entre outras coisas, ela é perfeita.
Decido chegar nela. Não costumo ser assim, atirado, mas de vez em quando é bom sair da rotina.
Tento ficar tranquilo, mesmo muito nervoso. O jeito mais fácil de me aproximar é apelando pra amizade: minha amiga é colega da amiga dela, esquema armado. Evita a fadiga.
Ao nos aproximarmos, começo a comentar a música que tava tocando, Take it Back, do Pink Floyd. Tava facinho agora.
Faz tempo que não me aproximo de nenhuma mulher com segundas intenções. Decido falar de Pink Floyd, pois na minha cabeça era o assunto perfeito.
Ela não conhece a canção, mas curte o som. Acabamos conversando sobre tudo: esportes, filmes, bandas, entre outras banalidades. Tudo transcorria a mil maravilhas.
Enquanto ela comentava de seus gostos e desejos, eu mostrava meu lado cult e refinado, um rapaz de alto garbo, perfeito para qualquer situação. Alguém precisa puxar meu saco aqui.
Em meio a tantos assuntos que conversamos, nada é comum a nós dois. A lazarenta não gosta de nada que eu gosto, mas continua sendo linda. Esse pequenino fator dificulta muito todo o processo de quebra de gelo. Comecei a me sentir como se tivesse encontrado a miragem de um oásis no meio do deserto. Situação broxante, diga-se de passagem.
Mesmo banhada em perfeição, a desgraçada diz que AC/DC é banda de metal. Fala que torce pro Palmeiras. Comenta que Transformers 3 foi muito bom. Sinto vontade de mandá-la ao inferno (nada contra palmeirenses, mas puta que o pariu né).
| Quem assistiu Superbad vai entender. She was a cock blocker |
É impossível ser perfeito, eu admito. Mas sempre existe um ponto de referência, em que a moça seria pra mim tão legal, mas tão legal, que eu poderia me envolver com ela. Quem sabe, se eu fosse legal também, ela se envolveria comigo. Em curtas palavras, ia dar até faísca.
Mas não foi assim.
Eu, quando me encontro nessas situações, invisto um pouco mais. Às vezes, é como um jogo de cartas. Eu só peguei uma mão ruim, na próxima rodada sai uma melhor.
Quem me dera fosse fácil assim.
Me canso, começo a agir como quem quer ir embora. Como quem se arrependeu profundamente de uma decisão que tomou.
Na hora que não deu certo de maneira nenhuma, eu saí de perto. Tem mulher o bastante por aí, basta encontrar uma que não seja tosca. Não sou exigente demais, mas também não topo tudo que vem pela frente.
No final das contas, tomei a lição: na maioria dos casos, opostos não se atraem.
Seria uma ficada, tudo bem. Sei que numa relação de verdade não é o tipo musical, gosto por filmes, preferência por esportes que vai mover a parte boa, não. Mas sejamos francos: viver todo dia com uma mulher que diverge quase 100% das suas decisões é um chute nas bolas, porra. Ou você desiste dos seus gostos, ou ela dos dela. Isso já me aconteceu uma vez, não dá certo forçar a barra.
| Um foda-se em alto estilo no Paint. |
Tem outra: eu sou um cara tímido. Não que isso me traga danos, mas nem sempre é uma boa. Na maioria dos casos, o cara bonzinho morre primeiro. Tomo como exemplo Mad Max, T-800 (Exterminador do Futuro), Rambo, Brother Gil Away: não são nada bonzinhos e costumam sobreviver até o final.
Não sei ser cafajeste, não sei ser pegador, não sei ser putão. Não vejo graça em pegar 10 mulheres numa festa.
Quando vejo homens comentando esse feito, tudo em que consigo pensar são os mols de vírus que o otário deve estar portanto, com mononucleose ou até mesmo herpes, que é uma delícia.
Posso até ser bem fechado, mas não sou otário.
Serei frio. Se um homem se relaciona com uma mulher, pela beleza dela, é só pra meter. Não tem segredo, ficar no beijinho é o convite pro ato copulatório.
Nunca conheci um cara que ficasse admirando a beleza de uma mulher que ele só veria uma vez na vida.
Nunca vi uma mulher que desse bola pra um cara que ela veria uma vez na vida, só porque ele parecia ser boa pessoa, inteligente e bem apessoado, como é o meu caso.
Há muito mais entre uma ficada e um romance do que uma metidinha.
Mas no final das contas, quem se fudeu e ficou sozinho fui eu.

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