Não sei se alguém que lê essa merda aqui tem curiosidade, mas tá acontecendo uma coisa ímpar nesse exato momento: os Estados Unidos da América estão discutindo já há algum tempo como será o planejamento econômico do teto da dívida pública. Nessa discussão, talvez, os EUA declarem moratória.
Pra quem não sabe, moratória é, basicamente, quando alguém declara que não existe maneira alguma de se pagar uma dívida, sem pegar mais dinheiro emprestado e se endividar mais ainda. Países que declaram moratória estão praticamente fodidos. Demora alguns anos, às vezes décadas para se recuperar de uma declaração dessas.
Por que diabos um país como os Estados Unidos declarariam moratória?
Bem, a crise financeira americana vem se arrastando desde 2008. Estamos em 2011, três anos no futuro, mas o problema continua presente.
Serei superficial. Tudo começou com um problemão no mercado imobiliário. A especulação tomou conta de tudo. Pra quem quiser um resumo, especulação na economia é o ato de criar capital do nada. Como tudo aquilo que vem do nada, capital especulativo é algo sem pé nem cabeça, mas que sabe dar rasteira em todo mundo.
Quando entra capital especulativo na economia, todo mundo fica feliz. As ações ficam caras nas bolsas. Os especuladores compram mais e mais, investem até o ultimo segundo, esperando pra dar o bote. Num dado momento, eles começam a vender ações. Vendem tudo que podem.
Com esse grande fluxo de vendas, a empresa dona das ações vai se desvalorizando no mercado. Em pouco tempo (minutos ou dias, quem sabe) quase todas as ações estão vendidas. A empresa, que num momento era valorizada, agora está vendendo tudo que tem a um preço baixíssimo. Investidor nenhum quer uma empresa dessas. Ela começa a despedir funcionários, por falta de ter como pagar, pois está se afundando em dívidas, tentando se manter de portas abertas.
Em resumo: o capital especulativo, quando mal utilizado, só serve pra enriquecer os especuladores e falir as empresas que foram especuladas.
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Bolsa de Nova York, a mais famosa do mundo |
Alguns países podem sofrer especulação, pela venda de títulos públicos, que são documentos comprovando que uma dívida será paga. E esses documentos são caríssimos, dependendo de como anda a economia do país.
Digamos que os EUA estivessem em seu auge. Os títulos da divida publica valeriam ouro, pois seria certeza absoluta de que tudo seria pago. Porém, se o país declara moratória, estes títulos quase não tem valor, pois essa dívida não seria paga com tempo pra o comprador tivesse retorno.
Não me aprofundarei no que veio piorar a crise. Uma sequência de continuidades arruinou tudo. Obama, ao contrário de tudo que havia prometido, mantém as ações militares começadas por Bush. Eu defendo a retirada de todas as tropas americanas dos países ocupados, mas não defendo o pacifismo. Nem pensar. No ponto de vista econômico, a guerra é muito lucrativa, em curto tempo. Deixe-me tentar explicar.
Pra facilitar tudo, explicarei usando um jogo de estratégia que eu gosto, mas que faz tempo que não jogo sério: War.
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Puta jogo bom de estratégia, War. |
Nesse joguinho, todos dispõem de um numero de exércitos e tem que dominar regiões pré definidas do mapa múndi. A dinâmica é simples: quanto mais territórios alguém tem, mais soldados ele ganha, podendo se tornar mais forte e dominar mais territórios. No jogo, fazer guerra é algo arriscado, mas é muito bom. Quem é cuzão e fica defendendo os territórios só se fode.
O jogador que pega os exércitos e começa a massacrar um inimigo fraco e pobre é inteligente em dois aspectos. Primeiramente, ele está fodendo o adversário, caminhando pra vitória. Em segundo plano, ele está conquistando mais territórios fáceis de serem conseguidos. Quanto mais fácil for a conquista, maior é o lucro. O jogador se mostra malvado e ganha respeito de todo mundo no tabuleiro, pois até o mais inconsequente pensará duas vezes antes de atacá-lo. Conselhos do Príncipe, true story bro.
Os EUA conseguiram se fixar como donos do mundo pois terminaram a 1ª e 2ª Guerras Mundiais como vencedores. Não seja ingênuo: quem tem dinheiro tem poder e manda no mundo. Com altíssimo lucro e sem perder muitos exércitos, é como se eles tivessem ganhado muitos territórios no War.
Pois é, depois de anos como os donos do mundo, declarar moratória é um enorme tiro no saco. Mas dessa vez, é a vida real e não um jogo de tabuleiro.
Eu sei que eles estão discutindo agora qual será o planejamento econômico. Eu quero que os Estados Unidos não se fodam. Juro. Se fosse no tempo do Bush, ainda assim, eu torceria para que a economia se recuperasse.
Não sou fã dos EUA, mas eu dependo deles, assim como todos no resto do planeta. Se a economia deles vai mal, meu país não vai mais conseguir vender o que produz. Sejamos francos: o Brasil não está em condições de criar novamente uma política de consumo, como fez no governo Lula. Em curtas palavras, se os EUA se fodem, o Brasil vai se foder junto.
Só me preocupo com a economia americana pois ela afeta meu país. Todo mundo sabe que o Brasil tem um péssimo histórico no quesito econômico. Não importa se nos anos 70 fomos o 2ª país que mais cresceu economicamente: nos anos 80 tivemos uma queda enorme na economia, pois somos imaturos politica e economicamente, ainda. Isso é assunto pra outro post, mas estamos fodidos se tudo sair mal.
Hoje, por volta de 9h30, assisti a notícia de que as bolsas asiáticas de importância, todas, fecharam com decréscimo de valores. Não sei sinceramente até que ponto devo me preocupar. Eu sei de uma coisa: se a merda for jogada no ventilador, tudo der errado e a economia americana afundar, o Brasil pode esperar uma previsão com nuvens pretas pela frente.
Eu não sou economista. Não sou bosta nenhuma. Mas eu entendo de três coisas: história, jogos de estratégia e sou brasileiro. Estou acostumado a ver a economia do meu país ser enfiada no cu.
Eu não saberia resolver o problema americano, não do jeito deles.
Espero pelo pior, enquanto torço pelo melhor.
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