Criança só se machuca (1)

Como é de se imaginar, a semana foi muito rotineira. Só estudar, ir na escola, ouvir música de noite enquanto estuda, etc.

Esses dias eu tava lembrando de uns momentos passados, de machucados e cia. Fala aí, quem já foi criança, se fodeu muito com machucados, não é mesmo?
Eu já, bastante. Contarei  apenas duas historinhas, só pra aquecer.

Tudo sempre começa assim. Criança é sempre a mesma coisa, se machuca toda hora.
Eu lembro de meus tenros cinco aninhos de idade. A felicidade pueril estava reinante, numa imaginação que não enxergava mais nada que Power Rangers, carrinhos e soldadinhos. Num belo dia, minha mãe teve a brilhante ideia de lavar a garagem da casa em que estávamos morando. Meu pai estava de serviço, bem longe de casa. Eu estava ajudando minha mãe, brincando na garagem totalmente ensaboada. Minha mãe entrou em casa pra pegar algo.
Ela me conta "foi o prazo de entrar e ouvir um TUC vindo da garagem. Eu corri lá fora. Você estava caído no chão, sem se mexer. Provavelmente, escorregou". Pessoalmente, não guardo lembranças desse dia. Sério, eu perdi a memória. Eu lembro de acordar numa ambulância, vindo pra capital, tirar um raio-x (naquela época, eu morava no interiorzão de Quirinópolis).
Ainda bem que eu não tive nenhum dano. (ou não IARIRAIRIRAIRI)

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Anos depois, fui dormir na casa da minha avó. Havia um quintal enorme, cheio de orquídeas, uma goiabeira, plantas altas, flores, uma escadaria de pedra, tudo lindo. Eu tinha dez anos de idade, cheio de energia nas veias. Depois de uma noite de sono naquela casa, acordei por volta de 7h da manhã, um sol morno iluminava todo o gramado. Eu fui brincar, claro. Com uma área tão grande, nenhuma criança iria ficar dentro de casa.
Eu, muito animal, corria na grama úmida por causa do orvalho. Maldito orvalho. Minha vó estava na parte baixa, por isso tive que descer a escadaria de pedra, pra brincar um pouco mais. Depois de certo tempo, decidi subir para a casa. Passei correndo na escadaria de pedra, molhada pelo orvalho infernal. Escorreguei. Melhor, acho que nem escorreguei, provavelmente foi o diabo que me deu um carrinho nas pernas. Caí lindamente com a merda do joelho em cima da escadaria de pedras pontiagudas. Porra, quem é que faz escada pontiaguda, de pedras, puta que pariu?
Pois bem, quando olhei havia uma cratera enorme no meu joelho.

Depois de ouvir minha mãe gritar e ficar apavorada, corremos pro hospital. Mãe sempre ajuda nessas horas: os gritos dela só serviram pra me acalmar mais ainda, pensando que eu perderia a perna. Eu, calmo como sempre fui, mantive a mulher tranquila, pois não reclamei de dor.
4 pontos no joelho, pouquinha coisa pra LOCA que se abriu lá. Eu juro, se eu tivesse câmera, eu tiraria uma foto do corte, ficou muito aberto. Tentarei fazer uma reconstituição fiel, com ajuda da equipe técnica de desenhos do High Voltage.

Reconstituição computadorizada da ferida

Foi mais ou menos assim. Tomei um soro antitetânico, no hospital. A enfermeira, espertamente, decidiu que eu precisava tomar um reforço da vacina antitetânica, claro. A lazarenta me deu três agulhadas. Sinceramente, eu só tomei UMA agulhada mais dolorosa que essas: bezetacil com penicilina. Na bunda.

Passei por uma recuperação conturbada, quase tive que fazer cirurgia no joelho, conversa pra outro dia.

Pois bem, depois dessas duas histórias curtas, fica a conclusão: criança só sabe brincar machucando. Filho meu, porém, não vai viver dentro de bolha. Bom mesmo é ter lembranças de tempos legais da infancia, coisa pra eles poderem escrever um dia, numa latrina, que eles eventualmente chamarão de blog.

Até mais.

Foda-se.